quinta-feira, 4 de julho de 2013

Vende Frango-se - Crônica

Não, não. O Blogueiro não ficou maluco. O nome do post de hoje é esse mesmo.

E aí, pessoal, como vocês estão?
Me xinguem por ter sumido por tanto tempo; Eu sei que sentiram a minha falta(Só que não!)Mas fazer o que, né? 
Dessa vez não farei como nos últimos e tão distantes posts, e não prometerei voltar em breve. Farei de tudo para voltar, mas, se não der, vocês já foram avisados.
O motivo de eu ter vindo hoje tem nome e certidão de nascimento. Chama-se Bárbara, e acaba de me dizer que "franziu o cenho ao entrar no blog e ver que a última postagem foi em abril". Pois bem:
Bárbara, esse post é para você.

Vou fugir um pouco das últimas temáticas do blog. Aqui embaixo postarei um texto da Martha Medeiros, cronista cujos trabalhos conheci ontem ao folhear um jornal. Para quem não sabe, a Martha é responsável por peças como "Doidas e Santas" e "Divã" (sim, aquela que virou filme e é estrelado pela Lília Cabral).
A Crônica é incrível. No fim do post vocês encontrarão a narração dela por uma atriz. É uma boa opção para os preguiçosos que não quiserem ler tudo ou para quem gosta de narrações.




"Alguém encontrou esta pérola escrita numa placa em frente a um mercadinho de um morro do Rio: "Vende frango-se". É poesia? Piada? Apenas mais um erro de português? É a vida e ela é inventiva. Eu, que estou sempre correndo atrás de algum assunto para comentar, pensei: isto dá samba, dá letra, dá crônica. Vende frango-se, compra casa-se, conserta sapato-se.
Prefiro isso aos "q tc cmg?" espalhados pelo mundo virtual, prefiro a ingenuidade de um comerciante se comunicando do jeito que sabe, é o "beija eu" dele, o "que vim aqui casa?" de tantos.
Vende carne-se, vende carro-se, vende geléia-se. Não incentivo a ignorância, apenas concedo um olhar mais adocicado ao que é estranho a tanta gente, o nosso idioma. Tão poucos estudam, tão poucos lêem, queremos o quê? Ao menos trabalham, negociam, vendem frangos, ao menos alguns compram e comem e os dias seguem, não importa a localização do sujeito indeterminado. Vive-se.
Talvez eu tenha é ficado agradecida por este senhor ou senhora que anunciou-se de forma errônea, porém inocente, já que é do meu feitio também trocar algumas coisas de lugar, e nem por isso mereço chicotadas, ao contrário: o comerciante do morro me incentivou a me perdoar. Esquecer o nome de um conhecido, não reconhecer uma voz ao telefone, chamar Gustavos de Olavos, confundir os verbos e embaralhar-se toda para falar: sou a rainha das gafes, dos tropeços involuntários. Tento transformar em folclore, já que falta de educação não é. Conserta destrambelhada-se. Eu me ofereço pro serviço. Quem não? Sabemos todos como é constrangedor não acertar, mas lá do alto do seu boteco, ele nos absolve. Ele, o autor de um absurdo, mas um absurdo muito delicado.
Vende frango-se, e eu acho graça. Achar graça é uma coisa boa, sinal de que ainda não estamos tão secos, rudes e patrulheiros, ainda temos grandeza para promover o erro alheio a uma inesperada recriação da gramática. E fica eleito o dono da placa o Guimarães Rosa do morro! Vale o que está escrito, e do jeito que está escrito, uma vez que entender, todos entenderam. Fica aqui minha homenagem à imperfeição."

Como não consegui colocar o vídeo, clique AQUI e assista-o diretamente do Youtube.

Esse foi o post de hoje, pessoal. Até a próxima!






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