sábado, 30 de junho de 2012

O negociante de almas - Ato três

Pessoal, com isso eu fecho a pequena série. Espero que tenham gostado. Para ver o primeiro ato clique aqui

Ato três: o negociante
O Cavaleiro da capa púrpura cumprimentou temeroso o vulto negro de quase dois metros que abriu as portas do palácio. Não se via seu corpo, apenas as vestes. Os mais corajosos, que olharam para a direção de sua cabeça, dizem que abaixo do manto escuro havia uma face esquelética. Os ainda mais corajosos dizem que além disso ela fedia a enxofre. Mas nenhum destes infelizmente voltou para contar a mais alguém o que viu.
Pois se alguém tem coragem de lhe olhar a face, é porque este alguém não tem mais nada a perder. Pois este alguém não tem mais nem a vida.
- Eu sabia que viria a mim um dia. - Disse ela. Um desses corajosos diz que sua voz era rouca e um tanto áspera, que rebaixava quem a ouvia a simples baratas. - Porém estou surpresa que tenhas vindo tão rápido. As pessoas sempre me evitam. - E ela riu. E nem mesmo o mais corajoso dos homens que habitou esta terra sobreviveu a sua risada.
Ninguém exceto Heres.
- É compreensível que todos a evitem. - O herói neste momento se deixou perder a cautela. Somente neste momento.
- Pode me dizer o motivo de sua vinda? Ou melhor, deixa que eu mesmo diga. Ele... Ela - corrigiu-se - tem cabelos e olhos negros, a pele mais branca que a neve, e a voz tão doce que engana até mesmo a mim...
-...Clara. - completou o guerreiro, adiantando a conversa.
- Mas me diga por quê. Ela vale tudo o que vai fazer?
- Daria mais, se pudesse, para ficar com ela a eternidade. Mas é tudo o que posso dar. - e o Guerreiro apaixonado tirou do bolso toda a sua economia.
- Isto é tudo? - a morte apanhou o saco, e após pesá-lo tacou longe, como se fosse um excremento impuro.
O herói suspirou. Ele sabia o que a Morte o pediria em troca pela vida da amada. Era, sem dúvida, uma troca justa, mas ao mesmo tempo tão injusta que nem mesmo o deus do amor poderia fazer algo.
E Heres suspirou mais uma vez. Pela última vez, e disse:
- Eu posso lhe dar minha vida.
A morte gargalhou. Desta vez bem mais assustadora, e fez a troca sem pestanejar. A espada do herói foi tudo material que o restou.
Mas seu espírito permaneceu vivo para sempre no corpo de sua amada, que viveu por anos à fio, poupando a vida que lhe foi devolvida com tanto sacrifício. Mesmo que em seu íntimo quisesse pôr logo fim a sua vida, para juntar-se de uma vez àquele homem.
Pois é difícil, meu amigo. Somente quem já amou um dia sabe o quanto é difícil viver longe dele novamente.
Por: Kaio Rodrigues

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O negociante de almas - Ato dois

Segue a continuação de O Negociante de almas. Para ler a primeira parte, acesse o link.

Ato 2 - O Produto.

Três dias antes do Cavaleiro de Capa Púrpura adentrar as portas da Morte, um grande exército, este formado por homens de vestes vermelhas como fogo, se preparava para invadir o pequeno reino de Gührer.
Enquanto os líderes de guerra preparavam seus arqueiros e espadachins, o rei do território a ser invadido organizava seus melhores homens para a defesa de seu bem mais precioso. Estavam lá três dos melhores soldados, o melhor pugilista, o melhor espadachim e mesmo o Ministro de Guerra. No meio deles, uma jovem de beleza única. Cabelos negros, rosto branco como neve, e boca vermelha como maçãs. No máximo vinte anos tinha a garota, e para ela estavam designados aqueles homens. Pois mesmo o maior rei do mundo sabe reconhecer seu verdadeiro tesouro.
E Princesa Clara era o maior tesouro do rei de Gührer.
***
E a batalha começou tão ensurdecedora quanto uma explosão nuclear [mesmo que naquela época ainda não soubessem como produzir uma]. Sangue jorrava de todos os lados. Sangue inocentes. Sangue culpados. Sangue humano. Comandando o exército vermelho ia o jovem, porém traiçoeiro, vingativo e impiedoso príncipe Narciso, que outrora fora prometido à Princesa Clara. Um homem de grande porte e belas feições, que podia facilmente seduzir a mais bela das mulheres.
Mas não a Princesa de Gührer.
Príncipe Narciso tinha um grande desafeto, e este era Heres: o ilegítimo, porém verdadeiro amor de Clara. Um soldado de baixo escalão do exército inimigo, mas que nem por isso deixava de ser nobre. Pois sua alma era mais rica e pura que a de muitos reis... Ou príncipes.
***
A comitiva que levava a princesa partiu silenciosamente, numa carruagem simples, que não chamava a atenção. Os cavalos brancos eram incrivelmente os últimos resquícios do sonho de "contos de fadas" que um dia a princesa teve.
Pois difícil é para os olhos que já viram a guerra se acostumarem novamente com o belo, porém apenas imaginário cor-de-rosa do mundo.
A carruagem fugiu bem a tempo de evitar a guerra, e agora corria por pastos verdes e campinas. Ao longe ainda se podia ver os roseirais, ainda intocados pela matança que logo chegaria. Mas a carruagem parou de repente. A Dama de Companhia da princesa então abriu a janela assustada, para ver o que havia acontecido, mas não conseguiu ver a espada que decepou sua cabeça de uma só vez, nem as que logo fariam o mesmo com a princesa assustada.
Em breve a continuação.
Por: Kaio Rodrigues

terça-feira, 12 de junho de 2012

Game of Thrones já é o mais pirateado da internet.


Curto post, só para mostrar meu descontentamento com isso.
A série "Game of Thrones" foi a mais pirateada no último ano. A informação foi divulgada hoje pelo site "TorrentFreak", que faz o levantamento anual desses downloads na internet.
"Game of Thrones" teve média de 3,9 milhões de downloads ilegais por episódio. A média geral de espectadores é de 4,2 milhões. Baseada na série de livros de George R.R. Martin, a série, em 2010, havia ficado em segundo lugar, atrás de "Dexter".
Em segundo lugar, na nova lista, aparecem "How I Met Your Mother", com 2,8 milhões de downloads por episódio; em terceiro, "The Big Bang Theory", com de 2,7 milhões de downloads ilegais por capítulo.

Os melhores livros de ficção de todos os tempos

Pessoal, atrapalho a continuação do conto o "Negociante de almas" para isso:


Recentemente foi lançada uma lista como resultado da votação do público em 100 melhores livros de ficção de todos os tempos. Concordo que muitos deveriam sim estar ali, mas muitos mereciam outras colocações, não por serem ruins, mas por terem melhores.
A lista completa você confere no link do  Top 100.
Vamos agora falar de alguns:
1] Concordo com a primeira colocação de O Senhor dos Anéis; é merecido. 

2] Já com a segunda colocação para O Guia do Mochileiro das Galáxias, não concordo. Reconheço a preferência entre os leitores por este livro, o primeiro de uma série de 5; considero-o até engraçado, quando foca naquilo que merece realmente ser ironizado; tenho uma de suas passagens como uma das minhas favoritas e Marvin, o robô depressivo, como um dos meus personagens prediletos; entretanto, acho que existem outras obras que mereceriam mais esta classificação. 

3] Considerando o que escrevi no item anterior, na minha opinião e gosto pessoal, A Trilogia Fundação deveria ser #3 ao invés de #8, e Eu, Robô #2 ao invés de #16. Ambas obras de um dos meus autores preferidos, o grande Isaac Asimov

4] Falando em Isaac Asimov, sinto falta nesta lista de O Fim da Eternidade, o melhor livro que li até hoje sobre viagens no Tempo

5] Pelo menos Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley (#9) 1984 de George Orwell (#6) e Duna de Frank Herbert (#4) estão entre os 10 melhores. Especificamente falando sobre o famoso livro de Frank Herbert, conheço a história mas ainda não o li, o que pretendo fazer em breve. Espero que, ao fazê-lo, minha opinião não mude muito. 


Senti falta aqui de Harry Potter (e não poderia deixar de fazê-lo), de Crônicas de Gelo e Fogo, série escrita por George R. R. Martin e de alguns brasileiros, que citaria Dragões de Éter, de Raphael Draccon (Veja o Link) e de "As Crônicas de Nárnia", do já falecido Mestre Lewis
Por: Kaio Rodrigues.
P.S.: Continuação dos atos de "O negociador de Almas" no próximo post.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

“O negociante de almas”

Primeira de três partes de um conto escrito por mim.
                                                          


- Resta saber quanto vale a sua passagem... - disse o barqueiro de vestes negras, estendendo a mão para receber seu pagamento.
Ato 1 - O Barganhador
O cavaleiro pagou ao barqueiro uma moeda de prata, desapontando ao homem de capa preta e rosto esquelético, que queria ouro, mais pesado e mais caro no mundo dos mortos. O Guerreiro entrou no barco, que começou a navegar levemente nos rios de águas tão negras quanto carvão líquido. volta e meia ele olhava, e via crânios que, humanos ou não, assustavam ao mais macho dos homens.
Era uma caverna de pedra, que se iluminava única e exclusivamente por tochas onde crepitavam chamas rubras e bruxuleantes. As paredes eram altas o suficiente para que os gigantes das montanhas caminhassem sem o menor problema. O teto, mais do que de pedra, era de areia, pois estava abaixo do solo. Pendurados nas paredes por grossas correntes, estavam esqueletos grandes o suficiente para serem humanos, mas pequenos demais para serem de adultos. Ouvia-se sons, mas não se via quem o produzia. Volta e meia se via sombras imensas, mas não passava disso. O guerreiro, apesar de temeroso, já esperava coisas do tipo. Estava entrando num território diferente, belicoso.
Estava entrando em Cortes Mortais.
O barco parou diante de uma colina de grama negra, típica de folhas que cresciam distante do sol. O cavaleiro suspirou, e olhou para trás pela última vez antes de sacar a espada. Acenou com a cabeça para o barqueiro, que não retribuiu. E suspirou. Suspirou como se aquele fosse seu último suspiro.
E no local onde ele estava, qualquer momento poderia ser o último.
O cavaleiro botou sua capa púrpura agarrada ao corpo, e subiu. As árvores eram tão negras quanto a grama. Aliás, como todo o ambiente. E somente homens que já estiveram em lugares como aquele sabem o quão angustiante pode ser. No bolso ele trazia tudo o que tinha; algumas moedas de ouro que soldados ganhavam raramente, quando a batalha era boa. Ele daria tudo, mas por uma boa causa.
E da parte de baixo da colina ele viu o grande castelo de pedra, e rezou pela última vez aos nove deuses, antes de lá chegar, e bater forte na imensa porta de carvalho.
E ela logo se abriu, e por lá passou ninguém menos que aquela que o cavaleiro esperava. A morte. E ela parecia mais viva que tudo naquele lugar.
Continua no próximo post.
Por: Kaio Rodrigues

terça-feira, 5 de junho de 2012

Alex Justem - O filho de Zeus


Quando os exércitos do titã Urano caíram, há alguns éos de anos, e seu filho Cronos se declarou Deus dos céus, o que os outros não imaginavam é que mais uma guerra viria. A história se repetiu, e Cronos foi destronado por seu filho mais novo, Zeus; mesmo tendo tentado impedir a profecia antiga. Cronos foi condenado a ter uma sub vida.
Mas a história se repete, e uma guerra épica se aproximou. Um filho de Zeus, nascido no mundo moderno, nasceu. Era filho de uma mortal, e adquiriu o adjetivo de Semideus, ou Herói, e tinha seu destino traçado há muito tempo, como seus irmãos, nascidos milênios atrás, Hércules e Jasão. Seu nome? Justem. Alex Justem.
Alex era órfão de pai, e sua mãe era uma mulher bastante irritante. Não, ele não falava isso por desrespeito. Sua mãe era... bem, é melhor nem dizer a palavra. Por esse motivo, ele a odiava. Mal sabia ele que o jeito de ser da mulher que o botou no mundo despertou a atenção de um deus dos tempos antigos, que há muito não tinha filhos com mortais.
Alex cresceu numa vizinhança pobre. Chamá-lo de normal seria a maior mentira que um ser humano poderia contar. Apesar de ser bastante encrenqueiro, Alex adorava sonhar, e seu maior sonho era conhecer seu pai. Dentro de seu peito, um querer imutável.
Era um garoto de bastante coragem. Seu coração era carregado de sentimentos, desde a tristeza até a sinceridade. Está bem, certo, os sentimentos não eram tão bons assim.
Quando descobriu que era um semideus, Alex não sabia muito bem o que aquilo significava, mas teve que aprender na marra. Seu pai o deixara viver por bastante tempo, agora, se quisesse acabar com a profecia de que seu filho o destronaria, deveria matar o menino, antes que ele ganhasse os poderes, como acontecia normalmente aos semideuses.
Alex foi atacado diversas vezes pelos “Bichinhos de estimação” de seu pai, que de “Inhos” não tinham nada.
Ele procurou por muito tempo as respostas para suas perguntas, até encontrar um amigo no caminho, um velho historiador, que lhe contou histórias sobre deuses e tudo o mais. Ele não acreditava naquilo. Não até ser atacado pela águia de cinco metros.
Juntos, Alex e o historiador viajaram pelo Brasil, tentando encontrar meios de irem para a Grécia, onde pretendiam entrar na casa de seus, no monte olimpo, e convencê-lo de que ele não destruiria.
Depois de muitas tentativas, Alex foi convencido de que a única forma de viver era mesmo matando o pai. A profecia se cumpriria.
Alex contou com a ajuda dos deuses inferiores, que não queriam mais Zeus no poder, e depois de dois anos de luta destronou o rei dos deuses, condenando-o a um quarto no Hotel Para Idosos Desnecessários, o famoso Monte Tártaro.
Quanto a se tornar rei dos deuses, Alex não quis. Seu amigo, o Historiador Benjamin, se tornou o rei, e governou sabiamente a terra pelos milênios que se seguem até os dias futuros, depois de nossos netos, e dos netos deles, e de seus netos, também.
Quanto a Alex... ele ainda vive. E vai viver por muito tempo ainda, com o dom da imortalidade que ganhou de seu escolhido. Seu paradeiro é desconhecido, mas há quem diga que ele cresceu, e agora trabalha numa certa Casa Branca. Se é verdade, só o tempo dirá.
Acredite, novos filhos ainda desafiarão seus pais, e muitos deuses ainda se sucederão no trono que um dia pertenceu a urano, pois não existe fidelidade que sempre dure, nem sinceridade que nunca acabe.
Basta saber, com prazer, que um dia alguém assumirá o trono do historiador. Esta é toda a verdade.
Por: Kaio Rodrigues

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