quarta-feira, 6 de junho de 2012

“O negociante de almas”

Primeira de três partes de um conto escrito por mim.
                                                          


- Resta saber quanto vale a sua passagem... - disse o barqueiro de vestes negras, estendendo a mão para receber seu pagamento.
Ato 1 - O Barganhador
O cavaleiro pagou ao barqueiro uma moeda de prata, desapontando ao homem de capa preta e rosto esquelético, que queria ouro, mais pesado e mais caro no mundo dos mortos. O Guerreiro entrou no barco, que começou a navegar levemente nos rios de águas tão negras quanto carvão líquido. volta e meia ele olhava, e via crânios que, humanos ou não, assustavam ao mais macho dos homens.
Era uma caverna de pedra, que se iluminava única e exclusivamente por tochas onde crepitavam chamas rubras e bruxuleantes. As paredes eram altas o suficiente para que os gigantes das montanhas caminhassem sem o menor problema. O teto, mais do que de pedra, era de areia, pois estava abaixo do solo. Pendurados nas paredes por grossas correntes, estavam esqueletos grandes o suficiente para serem humanos, mas pequenos demais para serem de adultos. Ouvia-se sons, mas não se via quem o produzia. Volta e meia se via sombras imensas, mas não passava disso. O guerreiro, apesar de temeroso, já esperava coisas do tipo. Estava entrando num território diferente, belicoso.
Estava entrando em Cortes Mortais.
O barco parou diante de uma colina de grama negra, típica de folhas que cresciam distante do sol. O cavaleiro suspirou, e olhou para trás pela última vez antes de sacar a espada. Acenou com a cabeça para o barqueiro, que não retribuiu. E suspirou. Suspirou como se aquele fosse seu último suspiro.
E no local onde ele estava, qualquer momento poderia ser o último.
O cavaleiro botou sua capa púrpura agarrada ao corpo, e subiu. As árvores eram tão negras quanto a grama. Aliás, como todo o ambiente. E somente homens que já estiveram em lugares como aquele sabem o quão angustiante pode ser. No bolso ele trazia tudo o que tinha; algumas moedas de ouro que soldados ganhavam raramente, quando a batalha era boa. Ele daria tudo, mas por uma boa causa.
E da parte de baixo da colina ele viu o grande castelo de pedra, e rezou pela última vez aos nove deuses, antes de lá chegar, e bater forte na imensa porta de carvalho.
E ela logo se abriu, e por lá passou ninguém menos que aquela que o cavaleiro esperava. A morte. E ela parecia mais viva que tudo naquele lugar.
Continua no próximo post.
Por: Kaio Rodrigues

2 comentários:

Hud Lacerda disse...

Uiii, medo.
Quanta coisa negra, kkkkkkk

Unknown disse...

Só agora estou lendo, me arrependo de não ter lido à tempos.

http://retalhos-literarios.blogspot.com.br/

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