Dizem: “É preciso amar
as pessoas como se não houvesse amanhã...”
E nós dizemos: “Vai.
Clareia um pouco a cabeça. E quando você voltar, tranque o portão, feche a
janela, apague as luzes, e...”... Saiba que te amamos.
Vestido.
A roupa mais usada
pelas mulheres que querem parecer mais bonitas.
Talvez dê certo.
Talvez as mulheres realmente pareçam mais belas, mais sérias.
Mas não importa.
A questão a ser
observada, é que em sua primeira vez Ela entrou
de vestido. Estranho para todos, que estavam acostumados a ver as pessoas de
calça, blusa e roupas ditas “normais”.
Quando ela entrou
naquele outro dia, porém, dizendo a frase que não tinha nada de épica, estava
diferente. Não por causa da roupa. Ia muito além do físico. Tocava o espírito
de cada um.
E sua presença foi
capaz de realizar o grande feito. De novo.
Pois mais uma vez
todos Gritavam Seu Nome.
O híbrido já não
mais existia. Das outras vezes, alguns poucos faziam silêncio para ouvi-la. Todos
os outros gritavam e conversavam, apenas por diversão.
Naquele dia, porém,
todos se calaram.
Aquele maldito dia parecia ser uma despedida.
Chorar? Todos já
choravam desde que o espírito lhes fora tocado.
É bastante incrível
a capacidade humana de chorar, esquecer os erros passados, e rir – não
exatamente nesta ordem.
Velhos filósofos e
poetas dizem que “nascemos sozinhos e
morremos sozinhos”, mas se esquecem de falar do caminho transcorrido entre
a vida e a morte; entre o início e o fim.
Precisamos de
pessoas para nos acompanhar entre a gênese e a hora derradeira. Pessoas que
estarão para sempre conosco.
Pessoas como
aquelas.
Por mais que seus
corpos insistissem que não ficariam juntos por muito mais tempo, a Alma Tocada
lutava para dizer o contrário.
Como quando a Morte
briga com a Vida.
Como quando o Início
briga com o Fim.
Fim. O maior medo do
homem (se não considerarmos o medo de ter medo, é claro). O destino para o qual
caminhamos diariamente, mesmo que não queiramos.
O destino no qual
chegamos agora, e não podemos fazer nada para mudar.
O Ápice. Momento em
que os bardos, velhos contadores de histórias, têm orgulho de narrar, pois,
simplesmente, é o ponto em que o fantástico se encontra com o concreto, e o
irreal toma forma.
Foi assim com as
Almas Tocadas.
Dizem que o fim é o
momento em que nos preparamos para partir. Ninguém realmente sabe como
acontecerá o Grande Fim (os que sabem não voltam para contar).
Mas aquele fim, que
não era o Maior, nem o Último, todos sabiam como chegaria.
Pois aquele era um
momento de mudar de pele. É o momento em que Espíritos e Almas tocadas se
metamorfoseiam. E, por mais que todos já estivessem vestidos, aquele era o
momento trocar de roupas.
E naquele dia ela
foi de calças.
Aquele maldito dia era,
sim, um dia de despedida