Lembro-me bem da primeira vez que vi Marcia. Perturbei-a
muito para que ela fosse à um encontro que participo semanalmente chamado O
clube de Geografia; Ela entrou na sala onde eu estava com outros jovens, e
perguntou: “Quem é o Kaio”. Eu levantei a mão, e ela disse: “Eu sou Marcia
Rubim”. E foi quando ela sorriu para mim, e eu retribuí, que vi: Eu precisava
saber mais sobre ela.
E é por isso (e por uma série de outros fatores, como
simpatia, inteligência, carisma e principalmente talento), que a terceira
entrevista que realizo no blog é com ela: Marcia Rubim.
Marcia
Rubim é odontóloga e pós-graduada em odontogeriatria pela UFF, Niterói/RJ, sua
cidade natal. Dotada de múltiplos
talentos no campo artístico — como a pintura, o desenho e o canto —, sempre
adorou ler romances e histórias sobrenaturais. A paixão pela escrita veio mais
tarde, e tornou-se um verdadeiro vício.
Adeus
à Humanidade é o primeiro livro de uma série que Marcia deseja colocar na
cabeceira de todos os amantes de uma boa leitura pelo mundo afora.
Na
entrevista que deu ao Dia de Leitor, Marcia falou sobre seu livro, seu vampiro,
sua carreira e, claro, seus fãs.
* D. L. – Você certa
vez disse que a primeira pessoa que leu seu livro ficou horas sem dormir pelo
prazer de fazer isso. Antes de mostrá-lo, porém, teve medo de que as pessoas
não gostassem dele?
Sim, claro. Acho que essa dúvida passa na cabeça de todo autor.
E a primeira impressão, creio eu, é um passo muito importante, uma motivação
para seguirmos adiante. Talvez, se essa pessoa não tivesse reagido tão
positivamente ao livro, eu sequer cogitasse uma publicação. E a agradeço por
isso, ou não estaria hoje tão realizada.
* D. L. – Quais foi o
livro que mais gostou de ter lido, e qual a inspirou a escrever “Adeus à
Humanidade”?
Nossa! Que pergunta difícil! [Rsrs] Sou eclética demais para
livros e adoro tantos que nem saberia dizer qual mais gostei. Entretanto, o
último que me tocou profundamente chama-se O Melhor de Mim, do Nicholas Sparks.
A estória tem um enredo fantástico, dessas que passamos os dias subseqüentes
sem conseguir tirá-lo da cabeça. Quanto ao livro que me inspirou a escrever
Adeus à Humanidade, com certeza tem algo a ver com Crepúsculo, pela linguagem
simples e direta. Entretanto, apesar de o tema “vampirismo” ser um ponto em
comum entre as obras, o enredo de Adeus à Humanidade, a ambientação, o humor, o
aspecto emotivo, sensualidade, etc, em nada se parece com a tão famosa saga.
Penso que mesclei diversas influências para chegar a este denominador e fazer o
diferencial.
* D. L. – Você, além
de escritora, é também odontóloga. Qual a diferença entre essa Marcia Rubim e a
Marcia Rubim escritora, que todos nós conhecemos?
Não sei se vejo muita diferença entre elas. Gosto de tudo o
que faço. Não consigo trabalhar somente com intuitos financeiros, sendo assim,
o retorno é sempre gratificante. Como diz sempre o meu marido, “Quando
trabalhamos no que gostamos, estamos sempre de férias”, e eu concordo com ele.
Sou uma pessoa com múltiplos hobbies, ligada às artes em geral, mas nada me
torna diferente do que realmente sou. Todos nós somos múltiplos por dentro,
apenas precisamos canalizar a direção certa para não nos ofuscarmos com a
própria luz.
* D. L. – Além de
“Quando a humanidade prevalece”, sequencia de seu primeiro livro, planeja
alguma outra obra para o futuro?
Sim, claro. A sequência de Adeus à Humanidade não para por
aí, trata-se de uma série de 4 livros. Em breve, lançarei também junto a outros
(maravilhosos) autores um conto na coletânea intitulada Em Contos de Amor. E,
por fim, estou iniciando uma nova obra (ainda sem título), e espero fazê-la com
o mesmo carinho com o qual me dediquei a Adeus à Humanidade.
* D. L. – Se seu livro
virasse um filme, como desejaria que fosse?
Minha nossa! Isso seria maravilhoso! Vivo recebendo votos
para que isso realmente aconteça algum dia e até já imaginei diversos atores
para compor os personagens. Muitos leitores, inclusive, sugeriram nomes, como
por exemplo: Giovanna Lancellotti ou
Isabelle Drummond para fazer o papel da Stephanie, Marco Pigossi, Sidney
Sampaio ou Carlos Casagrande ( embora o ache um pouco velho para aparentar 26
anos) para Richard, Chistine Fernandes ou Grazi Massafera para Ava, Rodrigo
Hilbert para Luciano e Marina Ruy Barbosa encarnando Anne...Enfim,
visualizá-los numa telona como se realmente existissem é surreal, uma emoção
que desejaria muito sentir. Eles já habitam o imaginário de centenas de pessoas
que leram o livro, daí a torná-los palpáveis... Quem sabe, não é mesmo? Não
custa sonhar!
* D. L. – Seu livro,
apesar de seguir padrões do gênero fantástico, é envolto em romances de tirar o
fôlego, e em outros fatos que deixam o livro bastante verossímil. De onde
surgiram as ideias para aproximar o livro do real?
Creio que da necessidade que eu mesma sentia ao ler livros de
literatura fantástica. Como já mencionei anteriormente, sou eclética e gosto
muito também de romance e suspense, algo que me deixou um tanto insatisfeita
nas demais obras do gênero. Também queria muito trazer esse mundo fantástico
para a nossa realidade brasileira, já que em muitos pontos não me identificava
com questões comportamentais, linguísticas ou culturais dos personagens de
obras internacionais. Acho muito importante isso, o fato de criar vínculos e
mostrar que o Brasil tem uma identidade própria, um povo rico e cheio de
adversidades. Não é incomum os leitores me abordarem, dizendo passaram
situações semelhantes à da personagem. Muitos deles, inclusive, parabenizam-me
por tornar o livro tão verossímil e riem demais com algumas cenas, cenas estas
comuns àqueles que aqui habitam. Sendo assim, o retorno neste sentido me tem
feito acreditar que estou no caminho certo.
* D. L. – Recentemente
vi um blog intitulado “Fã clube Marcia Rubim”. Como lida com essa coisa de fãs?
Caramba! Isso foi tão inesperado que nem sei ainda o que
dizer... É um carinho explícito dos leitores, tão emocionante que cheguei a
chorar quando vi. Talvez seja essa a melhor parte de se tornar uma escritora.
Ganhei diversos amigos, apelidos carinhosos, mensagens e demonstrações de
afeto... e isso não tem preço! Na verdade, acho esse contato com os fãs
enriquecedor e até nos ajuda a crescer, pois através deles percebemos os
anseios, as críticas, etc. O autor que não interage com os leitores não sabe o
quanto está perdendo.
* D. L. – Você faz
parte de um grupo literário chamado “Entre linha e Letras”, que conta com mais
sete escritoras. Como surgiu a ideia de criar esse grupo?
O que nos uniu foi a paixão pela literatura, afinidade, e o
fato de percebermos que tínhamos o desejo em comum de tornar o Brasil um país
de leitores. Acreditamos piamente que muitas pessoas levam o estigma errôneo de
que não gostam de ler, simplesmente porque não entraram em contato com o gênero
literário adequado à sua maneira de ser ou não receberam estímulo para tal.
Fazemos um trabalho muito gratificante de oficinas de leitura, palestras em
escolas públicas e particulares, com sorteios de livros e brindes (tudo isso
sem patrocínio) e é impressionante o retorno positivo que temos recebido,
especialmente dos alunos das escolas públicas. É a verdadeira prova de que se
um projeto for levado a sério e feito de coração, o resultado virá, mesmo que
ao longo do tempo. Tenho certeza de que nada nesta vida acontece por acaso, e é
por isso que aproveito aqui para agradecer a cada uma dessas autoras
maravilhosas (Carolina Estrella, Cris Motta, Fernanda Belém, Helena de Andrade,
Lu Piras, Mallerey Cálgara e Monique Lavra) por tornar um ideal tão
prazeroso! Estar ao lado delas é tão
divertido que acaba virando sempre uma festa!
* D. L. – Seu livro
fala sobre vampiros, um tema que, como todos sabem, tem sido muito explorado
atualmente. É claro que comparações sempre existem, mas não posso deixar de
perguntar se alguma vez já foi “Recriminada” por isso.
Oh, sim. Não exatamente “recriminada”, mas é comum algumas
pessoas quererem julgar o livro até mesmo antes de lê-lo, pensando ser apenas
mais uma cópia de títulos famosos, apesar de em nada se parecerem. Existem
leitores que preferem algo mais sangrento, ao invés de romance, e outros que
confundem preceitos religiosos com fantasia, com medo de encontrar algo
maléfico na obra. Apesar disso, estou ciente de que para qualquer autor é
impossível agradar a todos. Se até mesmo Best Sellers receberam críticas, por
que comigo seria diferente? O bacana da
literatura é justamente essa divergência de opiniões. Não dizem por aí que para
cada pé existe um chinelo, mesmo que seja velho? Para cada pessoa existe um
livro que marca a sua vida, e graças a Deus, muitas pessoas se identificaram
com Adeus à Humanidade, e é isso o que realmente me importa.
*D. L. – Agora,
portanto, tens a chance de defender seu vampiro. Ele não brilha, não é verdade?
Fale um pouco sobre ele.
Não, ele não brilha (rsrs), muito pelo contrário. Aqueles que
esperam encontrar em Richard um plágio de Edward Cullen se surpreenderão.
Talvez, a única característica que os aproxime (além da condição de vampiros, é
claro), seja que os dois não gostam de ser o que são, e, portanto, se recusem a
matar as pessoas. Ainda assim, meu personagem não se alimenta de animais, como
temos encontrado tão comumente nas estórias recentes; utiliza-se do banco de sangue
para suprir suas necessidades. Richard é um personagem complexo. Não escolheu
ser assim, e o fato de se julgar um monstro o levou a se tornar num médico
obcecado pela cura dos humanos, como se nesse ato ele encontrasse algum perdão
pelos pensamentos que o atormentam desde se transformara, contrariando a
espécie. O problema é que essa cobrança chega a ser tamanha, a ponto de soá-lo
insuportável, exigente, imediatista, metódico, explosivo e mascarar a infinita
capacidade que ele tem de amar. Outro ponto importante é ressaltar que ele já
era adulto quando virou vampiro à força, um médico e homem experiente, sendo
assim, não haveria motivos para fazê-lo tão pudico. É um personagem que se
entrega de corpo e alma a tudo que julga importante, tão intenso que é capaz
das maiores loucuras pela pessoa que ama. E deve ser por isso que arrebatou
tantas fãs. Só espero que a Stephanie não sinta ciúmes (rsrs)...
[Finalizando, gostaria de agradecer ao Kaio Rodrigues pela
entrevista, que por sinal foi muito bem formulada. É sempre um prazer enorme
fazer parte de um grupo de jovens tão bacana e interessado em literatura].
Entrevista feita por Kaio Rodrigues.
Marcia Rubim, fique sabendo que eu e os novos colunistas do Dia de Leitor ficamos muito honrados por tê-la como entrevistada. É um prazer enorme ter uma entrevista sua como o quadragésimo post do blog. =D =D :)