terça-feira, 10 de julho de 2012

Sonhos




O menino olhava a foto da época em que ainda era criança com um aperto no coração. – Ora, eu comecei chamando-o de menino, mas queria dizer homem. Sim, pois nos seus vinte e “uns” anos ele não podia ser chamado de menino. Existia sim um menino que habitara aquele corpo, mas ele o deixara há muito tempo. O deixara, não. Havia sido expulso a força.

Perguntam-me quem é o menino. Sinceramente, não sei dizer, assim como não sei descrevê-lo fisicamente. Mas posso garantir que em seu interior havia uma junção de sonhos, alguns realizados, muitos ainda não, que o transformavam no que ele era. Sim, pois somos apenas isso: frutos de nossos sonhos.

Mas o sonho que aquele menino-homem olhava na fotografia era um sonho de criança; um sonho sem dono, fruto da imaginação. Um sonho que se fora há muito tempo, juntamente com a parte de menino. Um sonho que não voltaria mais.

Largando a fotografia, ele reverberou. Agora não sobre os sonhos antigos, os de menino, mas sobre os sonhos do futuro. Eram naqueles momentos que ele se via da forma que ele mais queria. A melhor forma possível!? A forma de homem. Eram nesses momentos que ele via simplesmente a beleza da vida, e que percebia que o menino não existia mais, a não ser em sonhos – e cá estamos nós de novo falando de sonhos.

Voltando mais uma vez ao passado, ele se lembrava dos bonecos que havia trocado pelos livros – muitos deles. – Lembrava dos amigos que deixara para trás... Muitos pelo tempo, alguns por capricho, outros por Sonhos.

Agora peço a você que ponha a mão na testa e tente se lembrar: quantos amigos já perdeu por sonhos? Quantas vezes você abriu mão deles para ficar até mais tarde estudando – ou não – para passar para a universidade... e mais ainda: Quantos sonhos já perdeu por seus amigos?

Ah, a crueldade da vida; que nos faz escolher entre coisas tão importantes. Entre o sono ou a alegria, entre a praia ou a neve... Entre o sonho e o amigo.

Erga, amigo – acho que já posso chamá-lo assim –, as mãos para o céu se você nunca precisou fazer uma escolha desta, pois bendito é o homem que tem tudo o que quer, e sabe reconhecer esse Tudo, para não se perder no vazio do nada.

Mas acima de tudo lembre-se: um de meus amigos sempre diz que “Não vale a pena viver nos sonhos e se esquecer de viver”!

Homenagem não Póstuma a uma amiga de sobrenome esquisito, que todos os dias é obrigada a escolher entre amigos e sonhos. Que seus sonhos se realizem, pois amigos não lhe faltam.



Texto de: Kaio Rodrigues


3 comentários:

Izabel disse...

Deus te ouça ;] E pode ter certeza, meus sonhos não me afastarão de você. Meu verdadeiro e fiel amigo. S2'

Dia de Leitor disse...

Obrigado, Laryssa Arguelles

Bárbara V. Abbondati disse...

Esse é um dos textos mais lindos que já tive a graça de ler. É profundo, mas é singelo, é abstrato, mas é tocante. Um texto interessante pela falta de palavra mais exata. Adorei-o genuinamente. A repetição de palavras não incomodou e apenas enriqueceu a neblina suave da narrativa. Muito bom. Realmente um texto muito agradável. <3

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