Post um pouco mais aprofundado desta história que me marcou tanto, e mudou meu estilo de escrita, dando início a uma "Era Nova" em minha vida, assim como a chegada do gnomo Rumpelstichen foi para Arzallum.
Pois, sou obrigado a repetir, 'Se os nossos sonhos são forjados no éter hoje... nós iremos tocar a quintessencia".
Nova Ether é uma terra feita de magia e encantos, criada pela inspiração de deuses e alimentada pelos sonhos e desejos de um sem-número de semideuses. E para manter a ordem, a paz e promover o bem que estes semideuses tanto prezam existem seres especiais, avatares na forma de poderosas fadas-amazonas cujos objetivos eram testar os mortais e presenteá-los caso se mostrassem valorosos. Mas diante de várias falhas dos humanos com que uma fada se deparou um sentimento sombrio se apoderou de seu coração e ela perdeu seus dons puros, tornando-se a primeira fada caída e a precursora de uma das mais cruéis eras que aquele mundo já havia visto. Nos anos seguintes a queda da primeira fada, outras seguiram seu ruidoso caminho, levando junto de si humanas que uma vez tocadas pelas trevas passaram a ser conhecidas como bruxas.
O enredo de Caçadores de Bruxas tem início alguns anos após a grande caça as bruxas realizadas pelo, até então camponês, Rei Primo Branford que com o seu suor, sangue, aço e esforço somado ao de outros tantos, conseguiu destruir a maior parte daquelas encarnações do mal e de suas seguidoras humanas corrompidas. Logo nas primeiras páginas somos apresentados aos personagens que nos acompanharão durante todo o desenvolvimento da narrativa e as suas tragédias particulares assim como a um panorama geral sobre o povo e alguns costumes de Arzallum e Nova Ether.
Os irmãos João e Maria Hanson assim como a pequena Ariane Narin eram crianças que tinham tudo para terem uma vida feliz e tranqüila caminhando e brincando pelas ruas de Adreanne, a capital da grande nação de Arzallum. Porém os três tiveram em suas breves vidas traumas que os marcaram para sempre; cada um deles fora vítima de bruxas malignas ou passaram por acontecimentos terríveis. E como fora com essas crianças havia sido antes com dezenas, centenas e talvez milhares de outras pessoas antes do levante do Rei Primo.
Além destes completam o núcleo de personagens importantes de maneira direta para a trama: o segundo príncipe de Arzallum, Axel Terra Branford; sua mãe, a rainha fada Terra Branford; o exótico professor Sabino Von Fígaro e a misteriosa Madame Viotti além dos antagonistas, mas prefiro deixar estes para a curiosidade e descoberta durante a leitura. Sendo narrado em capítulos que se revezam entre as visões dos protagonistas e cujos tamanhos variam o livro é de leitura fácil e viciante, em alguns pontos, cômico, em outros, profundo e romântico.
E um detalhe interessante quanto à narrativa é a presença de um narrador peculiar que temos ao longo das páginas. Quase como um personagem a parte, este ser que nos conta a história de forma onisciente possui uma personalidade que ajuda a casar os momentos tensos e dramáticos com os mais amenos de maneira magistral, um dos grandes pontos fortes da escrita do carioca Raphael Draccon.
Durante todo o transcorrer do livro as cenas, diálogos e descrições mantém o mesmo ritmo de desenvolvimento, e desde a primeira página este é rápido e envolvente. O enredo fluí com naturalidade, os diferentes pontos de vista se intercalando de maneira homogênea, permitindo ao leitor ter o vislumbre de vários acontecimentos, mas sem se perder entre os mesmos. Outro ponto de destaque é a construção da personalidade dos personagens. Cada um possui seus defeitos e medos assim como virtudes e motivações o que os torna tão apaixonantes em vários os sentidos.
O universo criado ou, parafraseando o autor, redescoberto por Raphael Draccon é ricamente singular, mesmo sendo formado por vários elementos clássicos da fantasia e dos contos de fadas. Valendo-se tanto da temática sombria originalmente moldada pelos Irmãos Grimm assim como dos contos populares com seus finais felizes e príncipes galantes, Draccon deu forma a uma nova visão ao que já existia e o trouxe para mais próximo ainda do leitor, sendo cada página lida muitas vezes uma experiência que envolve diversos sentimentos diferentes. Temos lá desde o lobo mau, que realmente é um lobo, até os três porquinhos, modificados para serem orcos, criaturas semelhantes a orcs mas com aparências de porcos.
E além da influência da fantasia também temos vários ícones pops aparecendo volta e meia tanto de maneira velada, como nos trejeitos das crianças e adolescentes com suas gírias, quanto em homenagens como as estrelas Cobain, Blake e Prince. E este é um fator que torna Caçadores de Bruxas, e todos os livros da série, mais próximos dos leitores, pois não há aquele distanciamento muitas vezes provocado pelo vocabulário usado pelos autores em seus livros medievais. Nova Etherpode ser definida como um mundo épico trazido as luzes de nossa era contemporânea, mas sem perder a elegância e magia do fantástico.
Não posso esquecer-me de dizer que o desenvolvimento da história assim como maneira que esta se encaminha para o desfecho é fenomenal. Mesmo este sendo um volume inicial de uma trilogia há um encerramento que uni muitas pontas soltas que haviam surgido no transcorrer da leitura, mas também deixa outras tantas perguntas para o próximo volume e o seguinte. Curiosidades e questionamentos que fazem com que você não veja a hora de por as mãos em Corações de Neve e devorar também cada página.
E devo salientar que a parte de revisão, diagramação e estética desta série é um primoroso trabalho daEditora LeYa. As capas são mais firmes do que a maioria dos livros, assim como orelhas e contracapa além de terem ilustrações belíssimas. A fonte usada nos livros é de um tamanho excelente para a leitura, o que deu um pouco de volume ao livro, porém nada que atrapalhe, pois um dos únicos pontos negativos que tenho que frisar é que acabou muito depressa a história (rs).
Enfim, Caçadores de Bruxas é o primeiro volume de Dragões de Éter, uma série épica que resgata a pureza dos contos de fadas e os transforma. Que encanta, emociona e fascina a cada palavra, a cada linha... e ao final você também será mais um dos semi-deuses que com seus sonhos irá manter Nova Ether viva e pulsante.
“Se os sonhos são forjados no éter hoje... nós iremos tocar na quinta-essência”
Título Nacional: Caçadores de Bruxas - Dragões de Éter #1
Autor: Raphael Draccon
Autor: Raphael Draccon
Ano de Publicação: 2010 (2ª Edição, sendo a primeira pela Editora Planeta)
Número de Páginas: 440 páginas
Editora: Editora LeYa
Sinopse: Com diversas referências contemporâneas, que vão de séries como Final Fantasy a contos de fadas sombrios, passando por bandas de rock como Limp Bizkit e Nirvana, o autor constrói, com extrema habilidade, uma narrativa em que romances, guerras, intrigas, fantasias e sonhos juvenis se entrelaçam para construir o final poético desse fantástico quebra-cabeça. Essa obra, que é a estréia do roteirista Raphael Draccon na literatura, combina fantasia, história antiga e aventura na medida certa, de uma maneira revolucionária em relação aos demais livros do gênero.
Fonte: Guria que lê
Por: Kaio Rodrigues
2 comentários:
Lendo sua resenha lembrei do primeiro livro todinho, já fiz minha resenha do primeiro livro logo, logo vou postar no blog srsrrs
Estou terminando o segundo livro e já posso dizer que é uma das melhores séries que já li, estou totalmente envolvida com a história que fico pensando no que ainda vai acontecer kkkkk
A escrita é um caso a parte, sem palavras para comentar esse detalhe maravilhoso srsr :)
Jéssica
http://lilianejessica.blogspot.com/
Digo o mesmo. Depois de Harry, achei que ninguém escreveria livros parecidos. Percy Jackson até foi legal... ótimo. Mas quando conheci Draccon, Vi que Rowling não era a melhor escritora, e que o Brasil estava melhorando. E não se esqueça do que diz Draccon:
"Conversas na beira da cama, ao pé do ouvido, podem render bons frutos".
Beijos
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